Terça-feira, 5 de Junho de 2007

REFORMAR

MUDANÇA E REESTRUTURAÇÃO

 

            A sociedade portuguesa, a par de tantas outras, tem vindo e continua a passar por processos acelerados de mudança cultural e de mudança social. A função polícia e a instituição Guarda Nacional Republicana são parte dessa mesma sociedade, a qual têm de acompanhar sob pena de serem rejeitadas.

Os corpos de polícia, salvaguardando os seus valores mais fortes e mais válidos, internamente, por iniciativa própria e a um ritmo diferenciado da sociedade, procuram adaptar-se às mudanças em curso. Externamente, alguns decisores políticos encontraram em tais mudanças a oportunidade para promover uma onda reformista, a qual, por um lado, assenta em reorganizações de fundo, possíveis avanços para a modernidade, e, por outro lado, gera instabilidade no sistema de segurança interna.

Os ritmos da mudança cultural, social e política em Portugal têm vindo a ser muito rápidos e, nalguns aspectos, tendem a ser vertiginosos, ocasionando desajustamentos que por vezes se reflectem em falta de eficácia nas forças de segurança. É desejável que estas funcionem ao mesmo ritmo que a sociedade global.

            Avessos ao imobilismo estéril, cientes de que o equilíbrio instável propicia movimento, não podemos nem devemos esquecer que a segurança é um dos fins do Estado, sendo a função polícia um dos seus garantes e a GNR um seu actor privilegiado. Sobretudo, é importante ter presente que a função polícia, portanto também a GNR, não é uma organização semelhante a tantas outras, menos ainda passível de uma abordagem tipicamente empresarial. Donde a sua reforma deva ser reflectida, ponderada e cuidadosamente executada.

A reestruturação em curso parece continuar a conceder acolhimento aos rótulos que há quem pretenda continuem a ser distintivos dos dois corpos de polícia, um que teria “vocação urbana” e outro com “vocação rural”. Aliás, são notórios os esforços de algumas vozes que insistem neste sentido, mas trata-se de argumentação falaciosa.

De facto, acontece que ninguém mais neste País quer ser rotulado de rural (rústico) nem rever-se numa organização policial que evoque tal imagem...

          E os espaços sociais cujo policiamento é da responsabilidade da GNR são cada vez menos “rurais” e continuam a alterar esta característica. Mas a Guarda tem sabido adaptar-se ás mudanças e há muito que tem à sua responsabilidade o policiamento de campos, aldeias, estradas, vilas, cidades, águas interiores e costeiras.

          Na actualidade e cada vez mais no futuro, a GNR – enquanto corpo militar de polícia, gendarmeria, terceira força – não se caracteriza primordialmente nem se encontra limitada por uma qualquer “vocação rural”.

sinto-me: convicto.
publicado por Zé Guita às 12:24
link | comentar | favorito
11 comentários:
De Mário Relvas a 6 de Junho de 2007 às 01:53
Caro Zé Guita, volatrei para fazer um comentário mais profundo.

Isso da ruralidade e das forças rotuladas deixou há muito de fazer sentido!

A interacção e a globalização intercidades e localidades acaba com essa do policiamento rural. o crime no interior hoje é praticamente igual ao citadino e muitas vezes o mesmo criminoso passa pela cidade do litoral e pelo interior,pelo que as acções policiais hoje, comportam uma interactividade entre ambas as forças!
O Módus operandi é semelhante na cidade e nas vilas.

Os cursos policiais vão no mesmo sentido, apenas uma é militar, com tudo o que de bom daí advém, bem como alguma coisa menbos boa, tal como a outra é civil...mas ser civil não deve significar asilo!!

Abraço
MR


De Alberto a 8 de Junho de 2007 às 10:26

Sr. Mário Relvas.

Esse termo "asilo" parece óbvio de mais que o senhor o inseriu com significado pejorativo.
Por o senhor ser militar não julgue os civis de forma diferente.
Olhe para os defeitos da tropa que também lá existem muitos e lembre-se que a maioria dos "tropas" são filhos da classe civil.Por favor não maltrate os progenitores, alguns deles também filhos dos policias civis a quem parece ter aversão.
Lembre-se que quem domina é o poder civil não o militar, muito mal iria a este país se fosse o contrário
No caso da GNR os seus efectivos teriam melhor condição social e mais "aceitação" pelos civis (nem todos) se esta força fosse menos militar ou seja simplesmente militarizada.

Bom dia.


Comentar post

.mais sobre mim: ver "Zé Guita quem é"

.pesquisar

 

.Janeiro 2012

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

15
16
17
18
19
20
21

23
24
25
26
27
28

30
31


.posts recentes

. COMPETIÇÃO OU COOPERAÇÃO ...

. DESORGANIZAÇÃO E DESORDEM

. DIA DA INDEPENDÊNCIA NACI...

. A SOCIEDADE ESPECTÁCULO

. ECONOMICISMO, OPINIÕES E ...

. LEITURAS - 2ª Edição

. APROXIMAÇÃO À MATRIZ

. MAIS QUESTÕES CANDENTES

. LEITURAS!!!

. QUESTÕES CANDENTES

.arquivos

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

.tags

. todas as tags

.links

.publog

blogs SAPO

.subscrever feeds

RSSPosts

RSSComentários

RSSComentários do post