Natal é "nascimento" e é normal que continuemos a desejar "renascer".
Nesta quadra, perante a multifacetada e grave crise que ameaça a relação de confiança indispensável entre o "príncipe" detentor do poder e a sociedade civil, permitam que, sem negativismo, venha partilhar algumas inquietações no que respeita ao futuro colectivo.
1. Compreendo e aceito a integração de Portugal num grande espaço europeu, com cedência de algumas parcelas de soberania no âmbito político mas com cuidada reserva noutros e, sobretudo, defesa intransigente da identidade Nacional e de interesses vitais.
Não posso aceitar e ofende gravemente a mim, cidadão eleitor contribuinte, e à democracia que o "príncipe" detentor do Poder encerre a soberania de um Estado com quase 900 anos sem perguntar aos seus cidadãos o que pensam sobre o assunto!
2. Compreendo a existência de uma minoria de indivíduos homosexuais e ponho alguma tolerância (conceito discutível) na sua convivência, direito a contratualizar uniões e protecção em sociedade desde que não queiram impor-se, negando a biologia e desagregando o tecido social.
Não posso aceitar e ofende gravemente a mim, cidadão eleitor contribuinte, e à democracia que o "príncipe" detentor do Poder, à revelia de uso milienar da família como agregado biológico, decida instituir o "casamento" de homosexuais sem perguntar aos seus cidadãos o que pensam sobre o assunto.
3. Comprendo e aceito a existência de Poder local, alargado e mais eficaz, mas não entendo poderes pretensamente regionais, altamente discutíveis num já de si pequeno Estado, que me obrigariam a tolerar e a sustentar mais umas centenas de políticos "regionais".
Não posso aceitar e ofende gravemente a mim, cidadão eleitor contribuinte, e à democracia que o "príncipe" detentor do Poder, num Estado próximo da falência económica e financeira, imperiosamente necessitado de reduzir a despesa pública, que já sustenta faustosamente demasiados políticos, que exige ao povo para apertar o cinto mas que mantém exemplos gritantes em contrário, intente uma regionalização do País sem querer saber o que pensam os seus cidadãos sobre o assunto.
4. É bom lembrar que numa democracia a sério o "príncipe" exerce o Poder por delegação dos cidadãos. O "príncipe" deve ter em atenção o peso da abstenção na ida às urnas, que põe em dúvida a sua representatividade da população; e não pode ignorar a diferença entre legislar para a administração corrente e mexer com grandes mudanças culturais, sociais e políticas.
5. A continuar assim e a não arrepiar caminho, é fácil vaticinar uma triste sequência em detrimento da democracia. E o pior cego é o que não quer ver.
A degradação dos costumes, juntamente com a evolução demográfica negativa, com a invasão do multiculturalismo descontrolado, com o laxismo relativo aos comportamentos desviantes e a impunidade excessiva da criminalidade - além de outros factores críticos - têm vindo a tornar latente forte desagregação social, tudo encaminhando para algo semelhante à "queda do Império Romano".
Esforço-me no sentido da manutenção do optimismo no ambiente e na acção social e recuso uma postura pessimista. Mas, mergulhados que estamos na forte instabilidade de uma mudança civilizacional, acontece que à minha volta vejo múltiplos sinais que configuram ameaças latentes ao Bem-estar, à Justiça e à Segurança, fins últimos do Estado. E inquieta-me que possa encontrar-se em perigo a Confiança dos cidadãos na condução dos assuntos da "cidade", com forte dano sobre a Seguridade individual e colectiva.
Caro Securitas,
Não há nenhum "príncipe" a governar Portugal - o que tem a seu cargo o Governo foi eleito democraticamente, quer queira ou não. Como sabe os príncipes herdavam o poder e mamavam à fartazana à custa do povo, eles e os seus bandos. Este e outros responsáveis de governos anteriores são pagos, depois de eleitos, para exercerem o poder. E muito bem. Quando o povo quiser manda-os embora e elege outros.
Sim, há muitas abstensões. O remédio é simples: votem. Claro que têm o direito de não votar, mas esse argumento não pode ser amandado para retirar legitimidade.
Quanto aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo...., onde é que está o problema? Cada um de nós pode um dia ser pai de um homesexual ou de uma lésbica. Eles querem o direito de constituir família com os "seus" parceiros, nada a opôr. Que sejam muito felizes.
"Uso milenar da família"?! Sugiro que perca um pouco do seu tempo na leitura de uma boa "História da Família" , e vai ficar muito surpreendido. Sugiro-lhe uma: "História da Família" - Editora TERRAMAR. Encontra em muitas bibliotecas municipais . Há outras, basta ir a uma editora cristã. Presunção e água benta, cada um....
Mas gostei de ler o seu post
Cumprimentos
De
Zé Guita a 27 de Dezembro de 2009 às 16:39
Caro camaradita
Grato pelo seu comentário, tento esclarecer o meu texto:
Certamente terá reparado que coloquei príncipe entre aspas, pretendendo atribuir-lhe sentido figurado, significando detentor do poder político qualquer que seja a sua natureza e origem, e não de ordem pessoal nobiliárquica. Assim, há em Portugal um "principe", neste caso eleito e não individual.
As abstenções são inquietantes na medida em que podem significar a tal quebra de confiança. Sem dúvida que são legais, mas se porventura traduzirem falta de confiança põem em causa a legitimidade.
Penso que a instituição "família", célula fundamental das sociedades, se fundamenta mais no "casamento" como regulador social do processo biológico de reprodução da espécie e menos como organizador de práticas sexuais de hedonismo; os interesses dos indivíduos centrados nestas últimas práticas são defensáveis através de "contratos" pessoais, não parecendo que configurem uma instituição.
Quanto a Histórias da Família, pode recorrer-se a diversas, em abordagem antropológica, jurídica, ideológica... Efectivamente, cada um come do que gosta.
Saudações
De Veritas a 30 de Dezembro de 2009 às 16:10
Se o senhor Zé Guita percebe-se um pouco mais de História social e das mentalidades ficaria abismado com o “conceito milenar de família” (coisa que só existe na cabeça dele). O que diz ser a “instituição família” não passa de uma construção social com pouco mais de 150 anos: a família burguesa da sociedade industrial. Importa perceber o que era “a família” do Ancien Regime, da Idade Média, do Império Romano. Importa ler um pouco de Antropologia (Claude Lévi-Strauss) para perceber como evoluíram e se estruturaram os “núcleos familiares”, quais as funções sociais que os mesmos agrupamentos desempenhavam e por que se organizavam de certa forma. Já agora, como é tão afeiçoado à sociologia, devia perceber que as actuais dinâmicas sociais apontam para o fim da sociedade industrial e com ele o fim da família burguesa (da qual nasceu e com a qual se identifica). Mas a espécie humana nem a sociedade acabam por isso. Garanto-lhe que já passaram por mudanças bem piores. O que acaba é o mundo com o qual nos habituamos, porque esse mudou. Podemos não gostar da mudança (eu também não gosto) mas vamos ter que nos acostumar…
Antigamente dizia-se que na tropa era proibida a homossexualidade. Depois passou a ser tolerada e antes que comece a ser obrigatória é melhor um gajo passar à reserva…
Cumps
Comentar: