Quinta-feira, 27 de Setembro de 2007

OLHAR A BOLA DE CRISTAL

           

Tomado pelo sentimento de estarmos perante uma “vitória de Pirro” e não dispondo de todos os dados fiáveis para entender o problema, que se transformou num autêntico jogo de espelhos, com alguns contornos fantasmagóricos, dei comigo à procura da bola de cristal.

A tentativa para descortinar a realidade na esotérica esfera deparou-se com uma visão dificultada por fundo bastante nublado. Por entre nuvens agitadas, uma esvoaçante fada “sininho” mostrava imagens em contraponto:

De um lado, uma figura próxima do fantasma de César agitava o pendão vitorioso por ter ganho o fortalecimento de um certo reforço da militarização ao manter a Guarda na dependência do Exército. Ao mesmo tempo perdia caracterização militar, colocando em perigo, a prazo, “a galinha e os ovos”.

De outra banda, um esboço da figura do fantasma de Fouché contabilizava uma paulatina soma de ganhos, por ter conseguido alguma civilinização através do continuado desmantelamento de certo tipo de organização militar. Em simultâneo, baixava a possibilidade imediata de melhorar as capacidades técnico profissionais dos seus quadros superiores e de encaminhar a Guarda para uma situação de maior autonomia.

Entretanto, enquanto a fada “sininho” esvoaçava na bola de cristal por entre nuvens agitadas, estrelinhas tremeluzentes e quase fantasmas, no campo da inteligência emocional ganhava corpo a hipótese de estarmos perante um quase empate técnico no âmbito das fantasmagorias; e, em seguida, instalou-se a percepção de que pode estar em perigo a coesão interna da Guarda – o grande perdedor – podendo sair afectado o seu espírito de Corpo. Claro que, na abordagem racional, não dispomos de dados que permitam calcular o grau de risco, mas que a ameaça está identificada e localizada é um facto.      

publicado por Zé Guita às 11:45
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Sexta-feira, 21 de Setembro de 2007

RECORDAR PIRRO

Para Aníbal, Pirro era o 2º maior general da História (que ele conhecia), sendo o maior o famoso primo de Pirro, Alexandre o Grande.

... as legiões romanas enfrentariam as falanges gregas.

(Pirro)... derrotou os Romanos na Batalha de Heracleia devido à sua superior cavalaria e aos seus elefantes de guerra. Morreram 7 mil soldados romanos e 4 mil soldados de Pirro. Após a vitória, ofereceu aos romanos um tratado de paz, rejeitado por estes.

Pirro acampou para passar o Inverno e, no ano seguinte (279 AC) ... Enfrentou então o exército romano perto de Asculum ... Os exércitos eram numericamente semelhantes (40 mil em cada lado) e os Epirenses tinham os seus 19 elefantes de guerra e os Romanos 300 dispositivos anti-elefantes (carros equipados com longas pontas afiadas e puxados por bois para ferirem os elefantes, potes inflamáveis para os assustarem e tropas especiais para atingirem os elefantes na tromba com lanças para os afastarem).

A Batalha de Apulum durou 2 dias, durante os quais os dois exércitos se defrontaram. No fim, tinham morrido 6 mil soldados romanos e 3 500 soldados de Pirro (incluindo muitos dos seus aliados e amigos). Foi uma vitória grega a muito custo.

Foi após esta batalha que Pirro declarou:

«Mais uma vitória destas e estamos perdidos!»

Pirro tentou mais uma vez uma invasão à Itália romana em 275 AC, mas foi derrotado na Batalha de Beneventum. Derrotado voltou à Grécia, conquistou militarmente a Macedónia e depois atacou Esparta a pedido de um pretendente ao trono espartano. Enfrentou grande resistência e, ao entrar na cidade de Argos, foi morto nas estreitas ruas da cidade.

 

Excertos colhidos em Cognosco - Diário das pequenas descobertas da vida:  Kara victoria.

publicado por Zé Guita às 12:13
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Sábado, 15 de Setembro de 2007

GNR: ALGUMAS IDEIAS QUE CIRCULAM

          Com origens diversas, fruto de sugestões de observadores independentes ou eventualmente de sopros fantasmagóricos, sob a forma de conversas “de café” ou “de caserna”e veiculadas pela blogosfera, andam por aí algumas ideias não oficiais sobre a evolução da Guarda.

          Num novo período de tempo de vésperas, não defendendo e mesmo contrapondo alguns pontos de vista mas mantendo uma postura metodológica de abertura, convém prestar-lhes atenção pois podem influenciar o processo.

 

José Tavares, no blog Do Miradouro

§  A estrutura superior de comando da Guarda está inflacionada, com prejuízo para as unidades operacionais.

§  A Guarda tem razão de ser enquanto tiver capacidade para actuar em cenários de guerra.

§  O emprego da GNR em acções de SAR não torna necessário ter generais nos seus quadros nem obriga a usar os mesmos nomes para as funções.

§  .      Para evitar generais “de segunda”, podem dar-lhes outros nomes.

 

Guarda Abel, nos blogs Do Miradouro e Securitas:

§  Atenda-se ao preconizado pelo MAI Alberto Costa: distinguir a actividade policial da administração e direcção das instituições policiais.

§  Continuo a pronunciar-me contra a descaracterização institucional da GNR, à qual deve ser reconhecido um valor específico no sistema de segurança.

§  È possível a separação da esfera própria duma direcção nacional, civil, da esfera dum comando operacional, militar.

§  Linhas possíveis para orientar a reforma:

Respeitar a terminologia da CRP e definir a GNR como força militarizada de segurança interna.

            Redesenhar carreiras, com hierarquia específica.

Formar os oficiais em escola da GNR, sem prejuízo da formação estritamente militar e complementar ser realizada em estabelecimento de ensino superior militar.

Afectar À Guarda competências exclusivas em domínios da segurança interna, justificadas pela capacidade operacional e não pela “natureza”.

 

Guarda Abel, no blog Securitas:

§  O caminho para a GNR ser viável é apostar na diferenciação ou na especialização de funções, as quais deverá procurar exercer em exclusivo e, sobretudo, apostar na valorização dos seus recursos humanos.

§  A Guarda encontra-se dilacerada entre transformar-se numa Guarda Nacional (resvalando para o campo da Defesa Nacional, 4º Ramo) ou transformar-se numa Polícia rural, encaixando-se nos nichos não disputados pela PSP (o que garante permanência e identidade no sistema de Segurança Interna).

§  Disputar com a PSP a afectação de competências próprias no domínio da Segurança Interna, procurando equilíbrios e compromissos, não resolve a permanência e individualidade neste Sistema.

§  A GNR terá que admitir uma progressiva civilinização, abdicando de aspectos da sua cultura organizacional e depurando outros, adaptados à sua própria realidade. Trata-se de salvar o que há a salvar na putativa matriz militar.

§  Algumas linhas para reformar a GNR sem atender a lobies:

Introduzir uma Direcção nacional.

Circunscrever os generais em comissão de serviço ao comando operacional, subordinados à Direcção Nacional.

Respeitar a terminologia da CRP e definir a GNR como força militarizada de Segurança Interna.

Redesenhar as carreiras, com nomenclatura específica.

Formar os oficiais em Escola da GNR, sem prejuízo de a parte estritamente militar e complementar poder ser feita em estabelecimentos de ensino superior militar.

Afectar à Guarda competências exclusivas em domínios da Segurança Interna, justificando-as pela capacidade operacional.

publicado por Zé Guita às 09:40
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Sexta-feira, 7 de Setembro de 2007

GNR - ALGUMAS QUESTÕES A PONDERAR

A Guarda, como muito bem refere o Guarda Abel, é uma instituição dilacerada. Sendo diversas as ameaças que sobre ela impendem, merece destaque a hipótese de ser alvo de embate entre os interesses do “fantasma de César” e do “fantasma de Fouché”. Quando o importante está nos interesses do Estado, que se entende constituído por território, população e órgãos de soberania.

          Embora vestindo a camisola institucional, Zé Guita milita na independência, esforçando-se por manter uma postura que é “fruto de reflexão e de preocupação perante factos inquietantes e que dizem respeito ao futuro e à viabilidade de uma instituição que é fundamental para a manutenção de um Estado, que cada vez é mais exíguo...”

          Sem tomar partido, consciente do perigo de ficar “mal com el-rei... e mal com os homens” e mesmo da possibilidade de condenação tipo Savonarola, sempre no intuito de contribuir para melhor avaliação do problema, destaca algumas interrogações, explícitas e implícitas, colhidas em comentários sobre a matéria.

 

A. João Soares, no blog Do Mirante:

§  Justifica-se a existência de duas instituições policiais, PSP e GNR?

§  Qual a razão por que a tentativa posterior ao 25 de Abril de as unir sob um mesmo comando foi colocada de lado?

§  Qual a vantagem de hoje a GNR ser um corpo militar?

§  Qual a percentagem de agentes da GNR a desempenhar directamente a missão?

§  Qual a solução utilizada nos países europeus mais evoluídos?

§  Qual desses modelos pode melhor servir à população e à dimensão de Portugal?

§  Porque não aproveitar para criar estruturas simplex?

 

Mário Relvas, no blog Do Mirante:

§  Haveria um choque, com o comandante geral subordinado ao CEMFA?

§  Como comparar comandante geral com director nacional?

§  O que modifica uma direcção nacional?

§  Se houvesse fusão PSP/GNR os militares voltariam à polícia ou regressariam ao Exército?

§  A GNR como força militarizada manteria o brio e o respeito que possui?

§  Quais os países a tomar como modelo, tendo em mente os interesses nacionais e não os de grupo?

 

Guarda Abel, no blog Securitas:

§ Generais do Exército na GNR por mais 20 anos?

§  A dependência da Guarda com este ramo vai continuar?

§  A GNR é um ramo das Forças Armadas?

§  O corpo de oficiais generais está reservado aos Ramos das FA?

§  Será possível alterar a LDN para possibilitar a inserção de um General espúrio?

§  Qual será a reacção dos Ramos das FA a esta pretensão?

§  A eventual opção política vai ser condicionada por grupos de pressão?

§  Será necessário existirem oficiais generais da GNR para esta ser comandada por oficiais da própria Instituição?

§  Seria de consagrar uma nomenclatura específica para os cargos superiores da GNR, vincando a especificidade própria da Instituição?

 

Maquiavel, no blog Securitas:

§     A Guarda precisa de generais?

 

     As respostas a algumas destas perguntas já são possíveis, outras necessitam de investigação e todas merecem reflexão.

 

publicado por Zé Guita às 16:30
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Terça-feira, 4 de Setembro de 2007

EXORCISTA, precisa-se!

 

          Em tempo de reestruturação, a instituição organizada sob a forma de GNR é uma casa que se encontra fortemente ameaçada por assombração, podendo ser palco onde se confrontam duas "figuras" conhecidas na função polícia, embora pouco faladas:

o fantasma de César, portador de fardamentos militaristas 

e

o fantasma de Fouché, envolto em roupagens pretorianas.

         

          O excesso de fantasmagorias pode provocar fortes comoções e mesmo colapso por assombração...

          Parece conveniente exorcizar o ambiente, com vista a evitar danos,  pesados, parte deles imprevisíveis.

         

publicado por Zé Guita às 14:10
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Domingo, 2 de Setembro de 2007

GNR: ADIVINHAR PERIGOS...

 

          “Voar com o pensamento a toda a parte, adivinhar perigos e evitá-los”, objectivo claro marcado pelo Poeta, pode tornar-se um quase-vício. Zé Guita, por formação, não se sente dono da verdade, recusa “bruxarias” e não está inclinado para “manigâncias”; ao mesmo tempo, encontra-se convicto de que a chamada intuição assenta numa mescla do conhecimento de factos tratados com inteligência racional e impulsionados por inteligência emocional. Os chamados balizadores somáticos de António Damásio sublimam uma vivência e conferem alguma capacidade de intuição, ou seja, permitem adivinhar perigos, normalmente com base em experiências inclusive olvidadas. Nesta linha, Zé Guita é levado ao exercício de adivinhar perigos e, embora consciente de não possuir muitos dados dos problemas e de não estar ao seu alcance evitá-los, vem gritar na praça pública as suas adivinhações. Pode ser que alertem a navegação e evitem que a nave embata nos escolhos.

           Acerca da reestruturação da GNR, o Securitas desde a sua fase inicial que vem alertando para o facto de ser assunto de extrema delicadeza, dado tratar-se de uma instituição com características muito especiais – organização de natureza militar com funções maioritariamente policiais – a exigir intervenção altamente delicada.

          Aos interessados em identificar ameaças que pesam sobre a GNR, avaliar da existência de perigos concretos e calcular os graus de risco inerentes, sugere-se a revisão da matéria tratada nos posts em seguida referidos, dos quais se destacam alguns excertos.  

 

01FEV07 – Tempo de Vésperas

“Votos para que (o) silêncio (do Poder) signifique cuidada ponderação da conjuntura e prudente intervenção nas estruturas.

Soluções pouco amadurecidas ou precipitadas são perigosas e podem mesmo implicar alto risco de causarem danos sociais.”

02FEV – Tempo de Vésperas II

“O Governo, penso, está a reunir elementos para a tomada de decisão, mas (...) A matéria em apreço é extremamente sensível e erros que, com a melhor das intenções, possam vir a ser cometidos tenderão a revelar-se dificilmente reparáveis, tornando pior o remédio do que a doença.”

03FEV07 – Tempo de Vésperas III

“O estudo do Instituto de Relações Internacionais debruça-se, em análise comparativa dos sistemas de Segurança Interna, sobre os casos de quatro países da EU, França, Espanha, Bélgica e Áustria. E constata que o sistema francês tem realizado reformas, mas mantendo intacta a dualidade policial; que o sistema espanhol tem conhecido importantes reformas que também não põem em causa a dualidade; que na Bélgica e na Áustria se têm verificado profundas reformas, aparentemente bem sucedidas, de sentido global convergente na ruptura com o modelo dual francês, instituindo uma polícia unificada.

A este propósito, Zé Guita comenta: (...)

- A Bélgica é um caso especial, a cujo exemplo há que prestar muita atenção. Apesar de as reformas (aparentemente bem sucedidas...) terem avançado no sentido da destruição da Gendarmeria, há muitas vozes discordantes relativamente à solução adoptada. Levanto as minhas preces ao céu para que tanto os relatores do Estudo como os decisores políticos tenham levado ou venham a ter em conta um livro cujo título é bastante sugestivo e que recomendo a quem o não conheça: “LA NOUVELLE POLICE BELGE – Désorganisation et Improvisation” (Bruxelas: Bruylant, 2005. 662 pgs). O seu autor, Lode VAN OUTRIVE, é professor emérito da Universidade de Lovaina, e há mais de vinte e cinco anos que se dedica ao estudo de temáticas policiais.”

04FEV07 – Tempo de Vésperas IV

“O autor considera que a reforma não respeitou grandes princípios elementares, que não podiam ser ignorados numa reorganização de tão grande envergadura, para cujos modelos invocou ter-se inspirado em várias fontes. E escalpelizou doze princípios. (...)”

05FEV07 – Tempo de Vésperas V

“Ao descrever a história do processo, cuja infiltração haverá tido início em 1985, refere (...): “A instituição policial é dificilmente comparável aos outros serviços públicos, por maioria de razão a uma estrutura económica como uma empresa comercial. O seu modo de funcionamento escapa em grande parte a uma lógica económica e tecnocrática (...)”

06Fev07 – Aviso à Navegação

“A desmilitarização da Gendarmeria belga, uma gestão "empresarial" desajustada, uma política de desmantelamento: conduziram à extinção da Gendarmeria!

Em Portugal, há que ponderar a reforma com muito cuidado.”

06MAR07 – BOCA DE CENA – Cenas da vida real.

“1980-88, com governos de centro direita, foi um período durante o qual o interesse dos políticos se focou nas polícias: (...)

1988-96, com governos de centro esquerda, estes ocupam-se intensivamente da função polícia. (...). A Gendarmeria é desmilitarizada em 1991; o seu quadro inclui militares e civis; em 1994 desenvolve um projecto de gestão empresarial; reduz os níveis da sua hierarquia; os agentes das unidades móveis são distribuídos pelos postos territoriais; uma circular de 1997 reforça a autoridade dos burgomestres sobre a Gendarmeria e esta fica implicada na política autárquica de segurança. As próprias polícias e principalmente as suas organizações profissionais e sindicais começam a acantonar-se em certas posições, com vista a eventuais medidas de fusão; cada uma pretende reforçar-se, caso necessário em detrimento da outra. A concorrência aumenta, constando até que um ministro do Interior a favorecia, de modo a provocar a fusão. Nesta altura não se fala abertamente de uma nova polícia e no início dos anos noventa os ministros declaram abertamente que não se põe a questão de uma polícia única.

                Os tristes e cruéis acontecimentos de Agosto de 1996 e a marcha branca de 20 de Outubro do mesmo ano, o descrédito da magistratura e da classe política por inteiro conduzem ao levantamento de uma comissão parlamentar de inquérito, (...) tudo com uma mediatização extraordinária e um interesse cada vez maior dos media pela justiça e pela polícia.

Em 14 de Abril de 1997 é apresentado o primeiro relatório: (...) A proposta de reforma das polícias é unanimemente aprovada pelo Parlamento em 18 de Abril de 1997. Lei de 7 de Dezembro de 1998 estabelece a reforma das polícias.

O palco é o reino da Bélgica.

A peça encontra-se minuciosamente descrita por Van Outrieve.”    

13MAR07 – Bastidores e Camarins

“Ainda as lições do caso belga, continuando a seguir Van Outrive.

Até 1980, a polícia não era tema na agenda política, (...).

                Em Julho de 1991, a Gendarmeria é desmilitarizada, aparentemente, uma vez que a sua estrutura hierárquica militar se mantém, mas passa a contar com civis nos seus quadros.

                A partir de 1994, a Gendarmeria passa a estar implicada na função de polícia comunitária, com um novo modelo de cariz gestionário. Reduz os níveis da sua hierarquia e elementos das suas unidades móveis são transferidos para os postos. Envolve-se ainda num projecto de polícia proactiva.

                Em Maio de 1997, é reforçada a autoridade dos burgomestres (presidentes das Câmaras) e a Gendarmeria passa a estar ligada à política municipal de segurança.

                Em 1997/98, multiplicam-se as divergências de pontos de vista políticos sobre a reforma das polícias, não apenas entre os partidos mas também dentro deles e no próprio governo. Os ministros do Partido Socialista não escondem a sua preferência por uma polícia única, modelo Gendarmeria, apesar de grande número de autarcas socialistas e de indivíduos implicados na política local não estarem de acordo com isso.

Por um lado, é posto em evidência que a Gendarmeria está sempre presente e sempre pronta a executar as ordens, tendo mesmo um ministro proclamado que “eles amuam, mas cumprem”.

Por outro lado, a cúpula da Gendarmeria tal como o porta-voz do seu sindicato não escondem as suas ambições. Admitia-se uma polícia local, mais para vigilância, mas com o posto da Gendarmeria ao lado, sendo esta a verdadeira polícia.

A defesa do modelo dos socialistas flamengos importuna alguns outros políticos. O monismo policial é inaceitável para alguns ministros PS e para os seus autarcas. Invoca-se a autonomia municipal a torto e a direito e clama-se que, sendo necessário reformar, mais vale reforçar a polícia municipal. Mas são a favor das duas polícias a nível local.

No Governo, os ministros dividem-se quanto ao modelo a seguir na reforma. Entre os partidos e mesmo dentro deles igualmente. Os partidos liberais não são favoráveis a uma polícia única estilo Gendarmeria. Mais tarde serão favoráveis à fusão a nível local.

Em Outubro de 1997, na abertura do ano parlamentar, na sequência do trabalho do ministro Lanotte e da Gendarmeria, o PM apresenta um plano de reorganização das polícias que incluía estatuto e uniforme iguais para todos os polícias, tendo sido reencontrado nisso a “carcaça” da Gendarmeria. Implicava uma associação ou coabitação entre a polícia municipal e a Gendarmeria, passando esta a chamar-se Polícia Nacional. Um projecto de lei apresentado em início de 1998 provocou profundo desacordo dentro do Governo, dos partidos políticos e entre eles.

 Uma comissão parlamentar mista passa a discutir a reforma das polícias. Parlamento e Governo trabalham lado a lado. É criado o grupo “Octopus”, no princípio de Maio de 1998, constituído por representantes de oito partidos políticos. Em 23 de Maio, há acordo sobre um texto.

Os ministros do PS que, influenciados por alguns incidentes, tinham deixado cair a Gendarmeria, declaram o seu acordo. Os municipalistas recebem a garantia de que de que a polícia local manterá a competência policial e que o poder dos burgomestres permanecerá intacto.

Em Junho é criado um grupo de trabalho para elaborar os textos legais, cujo presidente era mais partidário de uma polícia única, a Gendarmeria, na qual seriam integrados os outros corpos de polícia ou que, pelo menos, ficaria a ser a coluna vertebral do sistema. O texto foi submetido ao grupo “Octopus” e, espantosamente, suscitou mais de duzentas emendas, inspiradas nomeadamente por sindicatos e organizações profissionais de polícia. Houve também algumas emendas emitidas pelo Conselho de Estado. Sob a pressão dos ministros, quase todas as emendas foram minimizadas ou simplesmente recusadas.”

 Um sistema policial não é apenas importante, mas também vital para uma nação. Ele deve ser tratado como uma instituição política da mais alta importância. Não está indicado que ministros e chefes de partidos políticos tomem uma iniciativa para em seguida tratarem o dossier com ligeireza à maneira de ‘política de canapé’ ”.

 

 Entre nós, estão identificadas ameaças sobre a GNR e avaliada a existência de perigos no que respeita a civilismo, desmilitarização, fusionismo, pretorianismo, militarismo. O veto Presidencial e os termos que o fundamentam vêm evidenciar a existência de divergências e desacertos não apenas a nível ideológico, político, partidário, corporativo, mas também em aspectos militares. Ao não entendimento entre políticos soma-se o debate de interesses castrenses. Tudo num crescendo de indefinição, gerador de instabilidade, que se repercute no interior da Guarda e é explorada pelos media.

O não ajustamento de posições, inter e intra os interesses em choque, funciona em prejuízo da Guarda, das Forças de Segurança, das Forças Armadas e do Estado. A discussão caótica de soluções convenientes para tais interesses, tal como aconteceu na Bélgica, favorece sair da crise extinguindo a Guarda, com consequências dificilmente previsíveis.

 

publicado por Zé Guita às 14:16
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