Ao enumerar alguns aspectos da conjuntura portuguesa, ficou ligeira referência à mudança civilizacional que estamos a viver e que merece um olhar mais cuidado.
Os processos da mudança têm um dos seus mais completos e actualizados tratamentos nas conhecidas obras de Alvin e Heidi Toffler – “O Choque do Futuro”, “A Terceira Vaga” e “Os Novos Poderes” – onde estes autores descrevem a mudança acelerada e apontam as suas implicações; demonstram que o mundo está a transformar-se rapidamente, passando da civilização industrial para uma nova civilização altamente tecnológica; prevêem que tal transição irá dar origem a uma alteração radical do exercício do poder, provocada pela importância e redistribuição do conhecimento.
No seu livro mais recente, “A Revolução da Riqueza”, entendendo que “a riqueza é tudo o que satisfaz a ânsia por algo”, afirmam que muitos países estão a transitar para economias baseadas no conhecimento e que o impacto de tal mudança ainda está para se fazer sentir. Lembram que além de ninguém conhecer realmente o futuro tal realidade está a ser, agora, agravada por os factos terem uma duração de vida cada vez menor e as pessoas se movimentarem em todas as direcções. Chamam a atenção para a tendência das grandes revoluções substituírem tanto as tecnologias como as instituições, reorganizando as estruturas sociais.
A GNR, enquanto instituição com raízes na civilização agrícola da Primeira Vaga e organização estruturada na Segunda Vaga, enfrenta uma conjuntura de incerteza e instabilidade permanentes e crescentes na sociedade portuguesa e, ao mesmo tempo, está ameaçada pela já presente e em curso transição revolucionária para a Terceira Vaga. Como apontam os Toffler, sucedem-se as mudanças que se cruzam no tempo e no espaço sobre o pano de fundo da revolução no sistema do conhecimento. As actuais gerações enfrentam “a viagem até ao futuro mais louca e mais rápida de qualquer geração”.
In Revista SEGURANÇA E DEFESA, nº 5:
Artigo "A GNR e o Futuro";
Extracto do subtítulo "Esboçar o Futuro";
Autor - Armando Carlos Alves.
A diversidade de atribuições a cargo da GNR inclui como mais recentes e com larga projecção no desenvolvimento imediato e futuro da Instituição: o alargamento de competências como Órgão de Policia Criminal; o levantamento do SEPNA-Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente; a criação do GIPS, unidade fundamentalmente vocacionada para intervir em ambiente de Protecção Civil, mas simultaneamente apta para o desempenho de outras tarefas policiais, como, por exemplo, protecção da natureza e do ambiente; a criação da UCC-Unidade de Controlo Costeiro (e, mais recente, o Departamento de Gestão de Incidentes Críticos). Tais atribuições constituem-se como fortíssimos desafios rumo ao futuro que a Guarda tem que vencer.
Porém, os caminhos da modernização e da reestruturação não podem limitar-se aos referidos desafios. A realidade da GNR é bastante mais complexa e tem muitos outros importantes e prementes aspectos, que não podem ser olvidados no presente e menos ainda por serem aceleradores do futuro. E o futuro começa todos os dias.
In Revista SEGURANÇA E DEFESA, nº 5:
Artigo "A GNR e o Futuro";
Extracto do subtítulo "Esboçar o Futuro";
Autor - Armando Carlos Alves.
A nível internacional, designadamente da União Europeia (Comité CIVCOM – ESPD/PESD), cada vez mais é afirmado que a gestão de crises não se resolve apenas militarmente nem apenas policialmente. Existem grandes lacunas entre forças policiais e forças militares, que constituem uma zona cinzenta.
O domínio das crises relacionadas, por exemplo, com os conflitos de baixa intensidade, o terrorismo, o crime organizado, as catástrofes naturais ou provocadas põe em causa questões globais, que não conhecem fronteiras.
Apresenta-se assim como necessário estruturar os meios para uma adequada gestão de crises, um dos quais será a existência de forças de intervenção rápida. Tais missões deverão ser atribuídas a forças adequadas, conforme o tipo de ameaça e o grau de risco: as forças armadas não estão capacitadas para desempenhar tarefas policiais e as polícias civis não estão vocacionadas para intervir em ambiente militar. Tal constatação é válida tanto a nível interno de um Estado como em âmbito internacional.
A GNR, Terceira Força, com natureza militar e função policial, é o tipo de organização indicado para intervir neste ambiente: Possui valências de polícia criminal, polícia administrativa, polícia anti-motim, polícia de trânsito e transportes, polícia fiscal, protecção da natureza e do ambiente, protecção civil, controlo costeiro e capacidades militares limitadas. Tem vindo a desempenhar missões muito bem sucedidas fora do País, de que são exemplos o Iraque e Timor.
E a Guarda, além de estar associada na FIEP – grupo internacional de corpos militares de polícia – é parte integrante da EUROGENDFOR, uma iniciativa europeia que envolve forças de segurança de natureza militar – de Portugal, Espanha, França, Itália e Holanda – com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento da Política Europeia de Segurança e de Defesa, melhorando a capacidade de gestão de crises ao assegurar todas as tarefas policiais.
A Guarda também já está envolvida na execução da FRONTEX – Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas da UE – numa cooperação que se deseja estreita com a Marinha e sob coordenação do novel Gabinete Nacional Coordenador Marítimo.
Prefigura-se, pois, para a GNR, um estreitar da cooperação internacional com forças congéneres tanto a nível de doutrina como de meios e de emprego operacional. O que permite prever progresso no sentido da modernização, da inovação e da eficácia também no âmbito nacional.
In Revista SEGURANÇA E DEFESA, nº 5:
Artigo "A GNR e o Futuro";
Extracto do subtítulo "Esboçar o Futuro";
Autor - Armando Carlos Alves.
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