Domingo, 18 de Janeiro de 2009

VIOLÊNCIA E CONTÁGIO II

          Na sequência dos factos anteriormente aqui referidos nos postais de 16 de Dezembro/FORÇA PÚBLICA E INTERROGAÇÕES (Grécia) e 11 de Janeiro/VIOLÊNCIA E CONTÁGIO (Médio Oriente) uma manifestação na Amadora vem agora suscitar atenção.

Com a devida vénia se regista aqui a notícia  transcrita do sítio da SIC: 

 

"Publicação: 17-01-2009 19:21    |   Última actualização: 18-01-2009 00:04 Manifestação na AmadoraAgente ferida em protestos contra morte de jovem baleado Uma agente da PSP da Amadora ficou ferida, este sábado, na sequência de uma pedra atirada por um grupo de manifestantes. Perto de cem pessoas protestaram contra a morte de um jovem de 14 anos, baleado por um polícia, no dia 4 de Janeiro.

 

O grupo protestou à porta da esquadra do Casal da Boba, na Amadora. O jovem de 14 anos foi baleado, domingo passado, por um agente da PSP.

Para este sábado à tarde, os manifestantes tinham planeado um protesto pacífico mas um pequeno grupo decidiu romper o acordo, tendo atirado pedras aos polícias que protegiam a esquadra.

Uma das pedras acertou numa agente que teve de receber tratamento hospitalar.


     .     "A manifestação"
Além dos manifestantes, na sua larga maioria jovens, encontravam-se no local dirigentes e simpatizantes de movimentos cívicos, como António Pedro Dores, presidente da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento (ACED), e o antigo aluno casapiano e advogado Pedro Namora que colabora com a ACED.

António Pedro Dores e Pedro Namora disseram aos jornalistas estarem presentes nesta manifestação em solidariedade com a família da vítima, tendo o primeiro criticado a falta de respeito das autoridades para com os familiares do jovem baleado não lhes dando qualquer tipo de informação sobre as investigações.

"Nós compreendemos bem a angústia da família perante uma situação dramática sem nenhum respeito das autoridades", disse António Pedro Dores.

Segundo o dirigente da ACED, "a questão central é que se estão a matar pessoas".

Aludindo a informações divulgadas na imprensa, segundo as quais o tiro fatal teria sido disparado a cerca de 10 centímetros da cabeça do jovem, António Pedro Dores defendeu que os cidadãos portugueses independentemente da classe social a que pertencem devem ter "garantias" de que "coisas destas são para ser investigadas e julgados de facto".

Realçou ainda que existe na sociedade portuguesa uma "insegurança" relativamente à capacidade da justiça "fazer investigações sérias e chegar a conclusões".

 

         .  "Teoria da conspiração"

Questionado sobre se tem algum elemento ou indício que lhe permita dizer que estão a tentar abafar este caso, António Pedro Dores rejeitou qualquer "teoria da conspiração", mas sublinhou que "a justiça em Portugal funciona mal a todos os níveis".

O mesmo responsável da ACED criticou também a forma de actuação policial nos chamados bairros problemáticos, considerando que muitas vezes este comportamento serve apenas para fins políticos de algum ministro "mais inseguro".

 

        .   "Contra a Violência policial"
Pedro Namora disse estar "solidário com esta luta que visa protestar contra a violência policial".
O advogado criticou o facto de alguns responsáveis políticos tentarem "identificar a violência com os negros e os ciganos".

  • Tiro terá sido disparado a 10 centímetros da vítima

"Mais de que um problema rácico é um problema das pessoas pobres", referiu Pedro Namora, alegando que se o tiro foi disparado a dez centímetros da vítima isso "é claramente um homicídio e uma execução".
O jovem foi baleado domingo à noite por um agente à civil da PSP na sequência de uma perseguição na freguesia da Falagueira (Amadora). Segundo o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP informou na altura, a vítima ameaçou a polícia com uma "pistola de calibre 6.25 mm adaptada".

Com Lusa"

 

         

           Preocupado em não emitir juizos de valor mas tão somente factuais, ocorre-me que  a violência nas ruas parece que tem vindo a aumentar. Entre nós , num cenário pessimista, está à vista um forte crescimento do desemprego, da pobreza, da fome,  da exclusão, do desespero... da criminalidade...

          Ao mesmo tempo, pode avolumar-se o sentimento geral de insegurança.

          E torna-se evidente a exteriorização de dúvidas quanto à eficácia da força pública, ao exercício da Justiça e à bondade das Leis...

          Embora me mantenha deliberadamente adepto do optimismo, tenho dificuldade em afastar uma leitura que aponta para um quadro de desagregação social.

          A história e o optimismo ensinam-nos que crises sempre aconteceram e foram resolvidas. Convém  lembrar é que as crises podem resolver-se de formas diversas, por vezes nada pacíficas...  

          Identificada a ameaça, há que avaliar os perigos, analisar e quantificar os riscos e tomar as adequadas medidas de segurança. 

publicado por Zé Guita às 08:14
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Domingo, 11 de Janeiro de 2009

VIOLÊNCIA E CONTÁGIO

          Grandes manifestações de protesto, em França ( Paris, Nice), Alemanha (Duisburgo, Berlim), Granbretanha ( Londres), Itália, Áustria, Grécia, Hungria, paises nórdicos e também Portugal têm hoje novo "pico" nos noticiários, a propósito da guerra entre Israel e Hamas. Mais manifestações, algumas de sinal contrário, estão marcadas para Berlim, Londres, Praga, Bruxelas, Madrid...

  

           E algumas delas, ao ultrapassarem o protesto cívico,  cairam na desordem pública, na violência e no vandalismo, como aconteceu em Duisburgo, Londres, Nice e Paris,  incluindo ofensas e destruições  simbólicas, materiais e pessoais com ferimentos em agentes da polícia.

 

            Mais uma vez, para além das militâncias ideológicas em presença,  levanta-se o problema da amplificação dos acontecimentos pelos media e do subsequente efeito de contágio que arrasta  o desencadear da violência por imitação em áreas geográficas muito distantes. 

 

              Tais circunstâncias aconselham  a ter em conta que este tipo de ameaça não nos é alheio e a  considerar conveniente a antecipação de medidas de segurança relacionadas

 

.

Acompanhando o estudo do investigador Fabien Jobard sobre a análise do uso da força pública, uma abordagem pela sociologia da polícia aponta para a obrigatoriedade de realizar uma “identificação prévia das circunstâncias concretas nas quais a força é empregue, de modo a compreender como o emprego desta força é susceptível de abalar a legitimidade política da instituição policial.” Tal método implica observar a letalidade das intervenções policiais, as determinantes do uso da força e a exposição discriminatória do grupo desordeiro conforme as suas características. Tudo isto enquadrado numa situação preocupante de agravamento da insegurança pelo terrorismo e pela criminalidade, com alguns indicadores da existência de uma certa brutalização nas relações entre polícias e a população.
publicado por Zé Guita às 12:30
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Sexta-feira, 2 de Janeiro de 2009

POLÍCIA E USO DA FORÇA

          A instituição policial consiste basicamente num mecanismo coercivo, capaz de fazer uso da força se necessário e em termos juridicamente controlados, de modo a preservar e restabelecer a ordem pública legitimada pelo contrato social.

          Tal característica revela-se especialmente preponderante quando as desordens nas ruas se tornam violentas e a força pública tem que impor a ordem, em condições não negociáveis. 

           Embora regulamentado e treinado, o uso da força pela polícia - a violência policial  necessária - torna-se mais musculado e é tanto mais difícil de controlar quanto mais agressiva e caótica for a violência desordeira a enfrentar,

          E, sendo possível determinar o início de uma situação violenta, não é viável antecipar como termina - e com que consequências - uma crise de violência. Danos materiais e pessoais, ferimentos e mesmo mortes podem acontecer. A polícia é constituida por homens, que podem ter pouca sorte, ser menos hábeis, errar, falhar e até prevaricar. E enfrenta factores fortemente adversos. 

           Trata-se de um quadro que aconselha vivamente a opção preferencial por medidas de segurança preventivas e obriga a forte especialização no emprego de medidas repressivas com utilização da força pública para controlar crises previsíveis.    

 

publicado por Zé Guita às 13:08
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