Cavalgando as ondas revolucionárias da Terceira Vaga e da Globalização, que originam grande instabilidade; aproveitando as incertezas e os problemas característicos das crises, que geram insegurança; tendências ligadas a ideologias diversas, interesses de vários grupos e algumas ambições individuais aproveitam a oportunidade para impulsionar e atingir os seus próprios objectivos. Como tudo é altamente pressionado por tempos cada vez mais apertados, além do escasso amadurecimento, impera o oportunismo das soluções apresentadas para resolução das crises.
Nesta conjuntura, aos defensores de "ismos", interesses, ambições, libertinagem e criminalidade, convém um Estado fraco, vulnerável aos jogos de poder sectoriais e umas forças e serviços de segurança carentes de autoridade e condicionáveis por estruturas civis.
A GNR, pelas suas características, entre as quais avulta a natureza militar, "incomoda muita gente", mas continua a ser a Guarda de Confiança.
Porém, exactamente por incomodar, constitui alvo preferencial de malquerenças, de competição, de manobras concorrenciais para desvio de valências, de tentativas para desqualificar operacionalmente e anular em termos economicistas a Instituição "corpo militar de polícia" com mais de 200 anos, a Organização "GNR" com 100 anos, a Profissão "guarda" assente em valores tradicionais e modernização continuada, sólida, que luta pelo equilíbrio entre profissionais polivalentes e especialistas.
Às hostilidades adversas podem ser somadas as carências e os apetites do "fantasma de César" - o poder policial absoluto, radical, inábil e violento porque marginal, na posse maioritária ou mesmo exclusiva de forças armadas - e do "fantasma de Fouché" - o poder policial absoluto, radical, abusador e torcionário de uma polícia única, que pode arvorar-se em contrapoder - os quais concentram esforços numa janela de oportunidade para a procura de soluções pretensamente salvadoras. Isto, na pior altura para uma sociedade altamente desestabilizada e com graus crescentes de insegurança, necessitando mais que nunca de ter ao seu serviço uma força pública de confiança, alheia a influências sectoriais e que garanta a autoridade do Estado.
É insano pensar que o Estado democrático pode perdurar sem umas Forças Armadas efectivamente empenhadas na Defesa Nacional. Se têm que ser de pequena dimensão, parece racional que se concentrem na sua função essencial, não podendo dispersar formação e meios a distrair-se com tarefas policiais, que exigem total disponibilidade permanente e grande e complexa especialização.
É perigoso concentrar as forças de Segurança Interna numa polícia única de natureza civil: corresponderia a alienar para grupos de interesse da sociedade civil parte substancial do poder soberano, ficando o Estado refem dos sindicatos de polícia. A funcionalidade exclusiva tenderia para propiciar abusos e poderia mesmo dar lugar à formação de um contrapoder. Seria complexo e dificilmente operacional atribuir a uma polícia única civil as missões e tarefas militares retiradas da GNR.
Revoluções e crises, já bastam as que estão em curso, agravadas por reestruturação errática e errónea. Corrigir, melhorar, optimizar a Guarda enquanto força de segurança, gendarmaria, Terceira Força, charneira entre as forças armadas e as polícias civis certamente que é mais fácil, mais rápido, mais económico, mais funcional, mais eficaz do que revolucionar o Sistema de Segurança Interna, optando precipitadamente por modelo oriundo de sociedades muito diferentes, cujos contornos são altamente duvidosos, que levaria pelo menos uma dezena de anos a estabilizar e cuja eficácia seria uma incógnita.
Num ambiente em desagregação, que alguns pretendem "quanto pior melhor", apresenta-se como necessário diligenciar e demonstrar que "hora a hora a Guarda melhora", conquistando confiança e alicerçando legitimidade para exercer autoridade.
O Estado português, na sua forma política que se pretende organizada como "sociedade perfeita", no caminho para a modernidade, encontra-se afectado pelas mudanças comunicacional, cultural e civilizacional caracteríticas da Terceira Vaga e da Globalização. Dada a natureza, velocidade e ritmo de tais processos, daqui resulta grande instabilidade, que frequentemente origina insegurança subjectiva e mesmo factual.
Portugal tem vivido os seus quase novecentos anos de história com "mar ora calmo ora revolto", percorrendo caminhos com "altos e baixos", atravessando e resolvendo diversas crises, conseguindo vencer "adamastores" e "velhos do restelo".
Actualmente, às mudanças universais e às crises financeira e económica internacionais, acrescem, de origem interna, fortes crises financeira, económica, social e política. Incerteza, instabilidade, exclusão social, pobreza, contestação, incivilidades, criminalidade, violência acontecem em espiral, ameaçando perigosamente a autoridade do Estado e a confiança nos seus órgãos; ocasionando uma subida nos graus de risco correspondentes a tais ameaças; e agravando o quadro geral de insegurança.
Para garantir a indispensável coesão nacional é necessário batalhar em defesa dos Fins do Estado - Bem-estar, Justiça e Segurança - e exige manter a confiança dos cidadãos no exercício da Autoridade pelos órgãos do mesmo Estado.
Tal como "sem Liberdade não há Segurança", "sem Segurança não há Liberdade". O nível excessivo de Liberdade favorece a libertinagem e anula a Segurança.
Sem Leis adequadas, a Justiça perde eficácia; sem Leis em que se basear e sem Justiça que as apoiem, as Polícias não têm autoridade.
Numa conjuntura altamente crítica como a que se atravessa, chega a ser surrealista a movimentação de algumas tendências civilistas no sentido de desvalorizarem a natureza militar da GNR - corpo especial de tropas componente do modelo de dualidade policial - procurando destruir a Guarda de Confiança que ainda é.
Neutralizar a Guarda de Confiança, que incomoda muita gente, satisfaria alguns indivíduos e diversos grupos de interesses e "ismos"; a propalada solução por um modelo policial monista corresponderia a uma transferência da vital autoridade do Estado para o poder factual de grupos corporativos, associações profissionais, sindicatos e outros.
Na sociedade portuguesa não são automaticamente aplicáveis os modelos de polícia única que vigoram em sociedades muito diferentes. À partida, envolve perigos e falecem argumentos economicistas e funcionais. A prudência mínima aconselha a evitar tanto o "fantasma de César" como o "fantasma de Fouché".
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