Na análise que faz dos militares, Gaetano Mosca, em As Classes Dominantes, 1939, levanta a suposição de em todas as sociedades existir uma quantidade de homens que, quando devidamente provocados, recorrerão à violência. Dando a esses homens determinados postos numa hierarquia social resultarão soldados profissionais, podendo ser controlados por civis.
No dizer de C. Wright Mills, em A Elite do Poder, 1956, as sociedades tendem a cair sob domínio militar em momentos de séria perturbação. Mas interroga que espécie de instituição é um exército permanente, que pode canalizar as tendências combativas de homens de violência, de modo a coloca-los sob a autoridade civil e a adoptar entre eles a obediência como código de honra?
Mills explica que há vários mecanismos que funcionam neste sentido: esses exércitos teriam sido uma espécie de instituição aristocrática, com distinção entre oficiais e soldados, resultante do equilíbrio dentro dos estratos sociais dominantes; por outro lado, ter-se-iam desenvolvido certas compensações, que os homens de violência também prezam: a segurança no emprego e a glória de uma vida conduzida sob rígido código de honra.
“O prestígio proporcionado pela honra, e tudo o que representa, tem sido a recompensa da renúncia dos militares ao poder político.” ... “Dentro da sua burocracia, frequentemente bem organizada, onde tudo parece estar sob controlo rigoroso, os oficiais do exército costumam julgar que a ‘política’ é um jogo sujo, incerto e pouco cavalheiresco”.
O recrutamento maciço para os exércitos acabou por dar origem a alguns direitos aos recrutados, de modo a estimulá-los, como vantagens sociais e planos de assistência.
Outro factor a ter em conta, após a I Guerra Mundial, terá sido o reforço da disciplina obtido com a prática do treinamento dos militares em permanência. Porém, durante muito tempo, “os oficiais passavam tanto tempo nos postos inferiores que jamais aprendiam a pensar sozinhos. Usualmente chegavam aos postos de comando tão tarde que já haviam perdido a juventude e a ambição, e aprendido apenas a obedecer, não a comandar...”
Segundo Wright Mills, o mundo militar selecciona e forma aqueles que se tornam parte dele, sendo o sentimento de casta uma característica dos verdadeiros profissionais. Põe em relevo que o mundo militar influi decisivamente sobre aqueles que o compõem: selecciona os recrutas e incute-lhes novos valores; isola-os da sociedade civil; regulamenta as suas carreiras; e estabelece padrões de comportamento para toda a sua vida.
A disciplina resultante do treino especializado e permanente sublima-se na formação do espírito militar, tornando semelhantes as experiências, as actividades, as amizades, e também as reacções e as perspectivas de vida.
No mundo militar, na análise deste autor, via-se uma instituição na qual o debate é menos valorizado que a persuasão: uns obedecem, outros comandam.
(MILLS, C. Wright – A Elite do Poder. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.)
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