Mitologia da Saudade e Portugal como Destino em Eduardo Lourenço
O incontornável ensaísta Eduardo Lourenço tem vindo desde há anos a questionar estas ideias, numa psicanálise predominantemente céptica, reduzindo-as à mitologia.
Na análise da professora Maria das Graças Moreira de Sá, da Universidade de Lisboa, “Eduardo Lourenço: Teixeira de Pascoaes e a Saudade”: “A essência da tese defendida por Eduardo Lourenço, como grande ensaísta da literatura e cultura portuguesa da nossa contemporaneidade, tem sido a da irrealidade das imagens que de nós próprios fomos construindo ao longo dos tempos, que se enreda num complexo nó afectivo, por vezes labiríntico, a que o ensaísta acaba por chamar Saudade. Não admira, pois, que esse sondar pela nossa cultura … termine sempre num apelo, directo ou indirecto, à reinvenção de uma imagem em que nos possamos rever em termos realistas, ou seja, de uma imagem à nossa medida, de pequeno País no ocidente da Europa, com todos os condicionalismos daí decorrentes, sem «ressentimentos fúnebres» ou «delírios patológicos».”
Em O Labirinto da Saudade (1978) afirma que «Chegou o tempo de existirmos e nos vermos tais como somos».
Em A Nau de Ícaro seguido de Imagem e Miragem da Lusofonia (1996), sobre uma comunidade de povos de língua portuguesa, conjectura: “Mas para que … tão sedutora expectativa … se cumpra de olhos abertos devemos saber … que espécie de sonhos a alimentam, que motivos e interesses lhe permitem dar uma forma diferente da de ficção exaltante ou consoladora.
O sonho de uma CPLP … é por natureza – que é sobretudo história e mitologia – um sonho de raiz, de estrutura, de intenção e amplitude lusíada. Não digo portuguesa …
Só para nós, portugueses, a lusofonia e a mitologia da CPLP é imaginada como uma totalidade ideal … Uma língua … É um ser espiritual vivo, intrinsecamente mortal, no meio de outras línguas … A CPLP … seria um refúgio imaginário”.
Em Portugal como Destino (1998) declara que «Portugal está agora em situação de se aceitar como foi e é, apenas um povo entre os povos.
Torna-se saliente, no entanto, aquilo que Eduardo Lourenço trata como imagens irrealistas, avançando juízos de valor sobre poetas e escritores portugueses, penetrando no imaginário saudosista de Teixeira de Pascoaes, interpretando a sua concepção de Saudade; e que considera ser a «obsessão temática capital do século XIX: a de repor Portugal na sua grandeza ideal tão negada pelas circunstâncias concretas da sua medíocre realidade política, económica, social e cultural». Para o autor, Pascoaes e Pessoa imaginaram um destino intemporal para Portugal.
Afigura-se, assim, que a análise de Eduardo Lourenço não afasta o sonho e o mito do Quinto Império, antes reconhece a dinâmica de factores espirituais no projectar de uma portugalidade universalista e duradoura, como forma de basear uma estratégia para sair de grandes crises nacionais.
(Eduardo Lourenço - O Labirinto da Saudade, Psicanálise Mítica do Destino Português. Lisboa: Gradiva, 2000. A Nau de Ícaro seguido de Imagem e Miragem da Lusofonia. Lisboa: Gradiva, 1999. Portugal como Destino seguido de Mitologia da Saudade, Lisboa, Gradiva, 1999)
. COMPETIÇÃO OU COOPERAÇÃO ...
. DIA DA INDEPENDÊNCIA NACI...
. ECONOMICISMO, OPINIÕES E ...
. DEFESA
. SEGURANÇA
. MAI
. Segurança Pública-Ideias e Acções
. Forum Brasileiro de Segurança Pública
. Segurança Pública e Estratégia
. GNR
. GNR
. Lucernas
. ASPIG
. O Jacaré
. Martelão
. POLÍCIA
. PJ
. PSP
. SEF
. ASAE
. Wanderby
. CIDADANIA
. Piruças